Invasão Holandesa na Bahia
(1624 - 1625)
No início do século 17, Salvador era uma das mais importantes cidades da América, a capital do Brasil, um estado português controlado por espanhóis, durante a União Ibérica (1580-1640).
A primeira tentativa holandesa de conquistar Salvador ocorreu em dezembro de 1599, quando o almirante van Leynssen enviou sete navios ao Brasil, comandados pelos capitães Hartman e Broer. Os ataques na Baía de Todos os Santos duraram quase dois meses. Os holandeses afundaram várias embarcações portuguesas e pilharam engenhos no Recôncavo. Mas fracassaram no objetivo de conquistar a Cidade.
Nos anos seguintes, os piratas holandeses continuaram atacando navios espanhóis e portugueses em alto mar, tanto no Atlântico, quanto no Oceano Índico.
Em 1604, tentaram novamente conquistar Salvador, dessa vez com uma esquadra de seis navios comandada por Paulus van Caerden. O ataque foi similar ao primeiro e o resultado, o mesmo fracasso.
Nos anos seguintes, dezenas de navios, com cargas do Brasil, foram atacados pelos holandeses.
Em 1621, os holandeses fundaram a Companhia das Índias Ocidentais (West-Indische Compagnie), uma empresa patrocinado pelo governo holandês, com a participação de investidores privados e que buscava principalmente a exploração comercial da América.
A conquista de Salvador pelos holandeses foi um dos mais importantes eventos do mundo ocorridos na primeira metade do século 17. Tinha relação com o domínio comercial do Atlântico. Naquela época, a Cidade do Salvador era de importância estratégica no comércio mundial. Sua importância é atestada pela bibliografia internacional daqueles tempos, quando a conquista de Salvador aparece em destaque. A iconografia do evento também é muito rica e aparece em muitos livros ingleses, franceses, espanhóis, portugueses e holandeses publicados naquele século.
No século 16, Portugal mantinha boas relações comerciais com os holandeses, mas esse quadro mudou com a União Ibérica em 1580.
Em 1579, as províncias do norte dos Países Baixos formaram a União de Utrecht, rompendo com Espanha. Em 1581, declararam formalmente sua independência. A Espanha, entretanto, só reconheceu a independência em 1648.
Prejudicada em seus negócios no Atlântico pelo domínio espanhol sobre Portugal, a Companhia das Índias Ocidentais invadiu a cidade de Salvador.
Em 09 de maio de 1624, uma esquadra de 26 navios e cerca de 3.400 holandeses comandados Jacob Willekens, chegaram a Bahia. Salvador foi fortemente bombardeada pelos holandeses, com muitos prejuízos para a Cidade. Aportaram na Barra. Após alvejar os canhões da Ponta do Padrão, os holandeses seguiram para o centro da Cidade. O Governador do Brasil Diogo de Mendonça Furtado foi aprisionado na Casa do Governo, onde assinou sua rendição em 10 de maio de 1624. Foi levado prisioneiro para a Holanda, junto com seu filho, e libertado em 1626.
O Bispo D. Marcos Teixeira de Mendonça e o Clero Secular da Diocese de São Salvador da Bahia refugiaram-se em Abrantes (atual distrito de Camaçari). As igrejas de Salvador foram profanadas e muito danificadas pelos invasores.
Em 27 de março de 1625, Salvador foi retomada por uma armada luso-espanhola de mais de 50 navios, comandada pelo almirante espanhol Fadrique de Toledo y Osorio. Foram mais de 40 dias de batalha e, em 1º de maio, houve a primeira rendição.
Na impossibilidade de dominar a capital do Brasil, os holandeses estabeleceram-se em Pernambuco, em 1630, e estenderam seus domínios por grande parte do Nordeste
Em 1638, os holandeses, comandados por Maurício de Nassau, tentaram nova invasão em Salvador. Chegaram a desembarcar no subúrbio da Cidade, como indica uma lápide na Igreja de N. S. de Escada. Houve dois embates em Santo Antônio Além do Carmo, como indica outra lápide na fachada da Igreja (foto ao lado), mas os holandeses foram novamente derrotados.
Em 1640, a Coroa Portuguesa foi recuperada para os portugueses, com o Rei Dom João IV, e os holandeses foram finalmente expulsos do Brasil, em 1654.
Veja uma mapa Salvador na época por Hessel Gerritsz ►
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O Governador Diogo de Mendonça Furtado, após sua rendição para os holandeses, em ilustração de 1624, representando religiosos e autoridades feitos prisioneiros e levados para Amsterdam.
Acima, Ataque de Salvador, tela do pintor flamengo Andries van Eertvelt, cerca de 1624 (provavelmente com base em gravura de Claes Jansz Visscher, também autor da gravura abaixo com Diogo Furtado), acervo do National Maritime Museum, Greenwich. Retrata a batalha naval na Baía de Todos os Santos para a tomada da Cidade. O navio do holandês Piet Hein está embaixo, à direita.
La Recuperación de Bahía de Todos los Santos, de Juan Bautista Maíno, pintura em óleo, cerca de 1634, acervo do Museo del Prado, Madrid. A tela retrata a recaptura de Salvador pelos espanhóis, em 1625. À direita, o comandante Don Fadrique de Toledo Osório apresenta a seus generais uma peça de tapeçaria com a figura do rei Felipe IV da Espanha (Felipe II de Portugal).
Lápide na fachada da Igreja de São Antônio Além do Carmo, instalada pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, em 1938. Registra os ataques holandeses na área, em 21 de abril e em 18 de maio de 1638.
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