Silio Boccanera Junior
Silio Boccanera Junior nasceu, em Salvador, em 3 de fevereiro de 1863. Foi engenheiro, teatrólogo, historiador e jornalista, um dos principais autores sobre o teatro no Brasil. Filho do Comendador Silio Boccanera (cavaleiro da Real Ordem de Isabel a Católica, vice-cônsul da Espanha na Bahia) e da baiana Emília Rodrigues Vaz Boccanera.
Iniciou seus estudos em Salvador e ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde diplomou-se engenheiro.
Nos anos 1880, trabalhou como engenheiro, em Cachoeira, na Imperial Estrada de Ferro Central da Bahia, por cerca de cinco anos. Nessa época, Boccanera escrevia para O Guarany, um jornal de Cachoeira.
Em 1883, casou-se com a baiana Maria Leonor de Freitas, descendente do Visconde de Caravelas. Do casal nasceram 10 filhos.
Em 1893, foi nomeado diretor do Theatro São João.
Casou-se, em 1903, em segundas núpcias, com a atriz, escritora e compositora Luísa Leonardo (1859-1926), afilhada do Imperador D. Pedro II, pianista oficial da Real Câmara de Luís I, em Lisboa (1880), viúva do pintor português Augusto Rodrigues Duarte. Luísa Leonardo estreou como atriz na Companhia Fanny, no Theatro Polytheama Bahiano (1885). Em 1913, o casal estava em processo de desquite.
Com a morte de seu pai, Boccanera passou exercer, de 1908 a 1911, o cargo de Cônsul Honorário da Espanha, na Bahia. Foi condecorado pelo rei Afonso XIII, da Espanha, com a Cruz de 1ª classe da ordem militar do Mérito Naval, por serviços prestados à marinha de guerra espanhola.
Em 1908, foi premiado com medalha de ouro na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, por trabalhos literários expostos. Em 1912, era um dos redatores da Gazeta de Notícias. Em 1913, era diretor da Secretaria do Conselho Municipal. Foi membro benfeitor e benemérito do Grêmio Literário da Bahia, membro fundador do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, membro honorário da Academia Bahiana de Letras (extinta), membro honorário da Academia Pernambucana de Letras, membro honorário da I nostre Contemporanei (Associação Internacional de Roma), membro protetor da Casa dos Artistas (sede no Rio de Janeiro) e membro correspondente de várias instituições estrangeiras. Em 1914, foi premiado no 1º Congresso de História Nacional, no Rio de Janeiro.
Seu filho Raul de Freitas Boccanera, nascido em 1884, formou-se em Ciências Jurídicas Sociais, pela Faculdade de Direito da Bahia. Foi jornalista e juiz da Comarca de Bagé, no Rio Grande do Sul.
Seu filho, Silio Boccanera Netto concluiu o curso de medicina, em 1914, na Faculdade de Medicina da Bahia. Netto também foi poeta e membro fundador da antiga Academia Bahiana de Letras, em 1910, mas a instituição desapareceu (a atual Academia de Letras da Bahia foi fundada depois, em 1917). Mudou-se para o Rio de Janeiro e foi um conceituado médico higienista, com vários trabalhos publicados. Ele faleceu, no Rio de Janeiro, em 3 de outubro de 1945, quando era chefe do 3º Posto de Saúde da Cidade.
Silio Boccanera Junior faleceu, em Salvador, em 31 de agosto de 1928, aos 65 anos. Suas contribuições para a história do teatro no Brasil são imensuráveis. Foi um dos principais biógrafos de Carlos Gomes. São também importantes seus registros sobre os patrimônios artísticos, culturais e históricos de Salvador. Entre suas principais obras estão:
- A Guerra Civil no Chile (1892).
- O Diabo na Beocia, revista cômica em 4 atos, em colaboração com o poeta Alexandre Fernandes, 1895.
- O Grito da Consciência, drama em cinco atos, em colaboração com A. Fernandes, (1895-98).
- A Flor da Arta Sociedade, revista cômica em 4 atos, em colaboração com A. Fernandes, 1896.
- O Meio do Mundo, revista cômica em 4 atos, em colaboração com A. Fernandes, 1897.
- O Reino do Bicho, revista cômica em 4 atos, em colaboração com A. Fernandes, 1899.
- O Violão na Ponta, comédia de costumes, em colaboração com A. Fernandes, 1900.
- As Areias do Prado, revista crítica, em colaboração com A. Fernandes, 1900.
- A Batalha dos Pássaros, revista crítica, em colaboração com A. Fernandes, 1900.
- Escritores em Penca, pretexto crítico, em colaboração com A. Fernandes, 1900.
- André Strahl, drama em três atos, 1900.
- O Maestro Carlos Gomes, conferência publicada em 1901.
- Adelia Carré, drama em três atos, em colaboração com A. Fernandes, 1902. Traduzida para o espanhol, em 1903.
- A Bahia a Carlos Gomes (1904).
- O Theatro Brasileiro, conferência publicada em 1906.
- Letras na Bahia, conferência publicada em 1908.
- Artes na Bahia, conferência publicada em 1908.
- Mirem-se Neste Espelho, comédia de costumes, 1909.
- A Segunda Mulher, drama em cinco atos.
- Como se fabrica um Deputado. Comédia em dois atos, precedida de prólogo e do programa político de um candidato a deputado (1912).
- Um Artista Brasileiro (1913, sobre Carlos Gomes).
- O Theatro na Bahia (1812-1912), centenário do Theatro São João.
- A Peça da Estreia, lever du rideau, 1914.
- Cinemas da Bahia: 1897-1918.
- O Brado do Ypiranga, drama, 1915.
- Castro Alves na Vida e na Morte (1915).
- O Poeta Alexandre Fernandes, sua vida e sua obra, 1916.
- Bahia Histórica (1549-1920).
- Theatro Nacional, Autores e Atores Dramáticos, , 1923.
- O Theatro na Bahia: da Colônia à República (1800-1923).
- Bahia Cívica e Religiosa: subsídios para a história (1926).
- Bahia Epigráfica e Iconográfica (1928).
- Bahia Guerreira. Tudo indica que Boccanera deixou essa obra inacabada e não foi publicada. Tratava da participação da Bahia na Guerra do Paraguay. Foi anunciada como "em preparação" no livro O Theatro da Bahia (1923), como sendo uma obra ilustrada dividida em quatro partes. No livro Bahia Epigráfica e Iconográfica, publicado em 1928, ano de sua morte, a obra continuava em preparação, mas em seis partes.
Além dessas, Boccanera publicou um grande número de monografias, discursos e textos em jornais e revistas. Várias de suas peças de teatro foram representadas na Bahia e em outros estados.
Folha de rosto do livro Theatro Nacional, Autôres e Actôres Dramáticos, 1923, de Silio Boccanera Junior, com dados biográficos do próprio autor e de sua mulher Luísa Leonardo.
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O antigo Theatro São João, a primeira grande casa de ópera do Brasil e da qual Boccanera foi diretor.
(1863 - 1928)
Silio Boccanera Junior