Bahia no Século 16
Após o Descobrimento do Brasil, no último ano do século 15, formaram-se os primeiros povoados brasileiros com europeus, em 1503, em Porto Seguro e na região de Caravelas. A primitiva colônia de Porto Seguro foi o centro de apoio à extração de pau-brasil, nos primeiros anos do século 16.
Na segunda década do século 16, surgiu a Bahia de Caramuru, o patriarca do Brasil, no atual Recôncavo Baiano. Caramuru tornou-se, de fato, o líder da comunidade de europeus (portugueses e franceses), tupinambás e caboclos que habitavam o Recôncavo.
Nos anos 1530, o atual território da Bahia estava distribuído em três capitanias: Porto Seguro, Ilhéus e Bahia. Em 1549, Thomé de Sousa, o primeiro governador do Brasil, fundou a primeira capital, a Cidade do Salvador.
Muitos índios foram escravizados na Bahia. Os africanos começaram a chegar por volta de meados do século 16, trazidos principalmente da Guiné. Nessa época, o sertão da Bahia começou a ser explorado, principalmente através do Rio São Francisco, Rio Paraguaçu e Rio Jequitinhonha.
Na segunda metade do século 16, a Bahia recebeu muitos investimentos para plantações de cana-de-açúcar, muitos engenhos foram estabelecidos e a Bahia tornou-se um importante exportador para a Europa. Outra importante atividade econômica era a criação de gado.
História da Bahia no século 16, em cronologia:
1501 - Após a descoberta da Terra de Santa Cruz, em 1500, o Rei de Portugal, D. Manuel solicitou ao navegador João da Nova, que seguia para a Índia, que também passasse na Terra descoberta. Acredita-se que essa expedição realmente passou por aqui, provavelmente em janeiro de 1501, embora não se conheça registro de tal.
Em maio do mesmo ano, partiu de Lisboa um expedição comandada por Gonçalo Coelho, para explorar as novas terras. Américo Vespúcio participou dela. Vários pontos geográficos foram batizados, incluindo a Baía de Todos os Santos, em 1º de novembro.
1502 - A Terra de Santa Cruz foi arrendada para Fernão de Loronha, por três anos.
1503 - Uma segunda expedição foi enviada, também comandada por Gonçalo Coelho e com a participação de Vespúcio. Essa expedição foi patrocinada por Fernão de Loronha e fundou a primitiva Colônia de Porto Seguro, que passou a ser um centro de apoio à exploração de pau-brasil. Nesse ano, construiu-se lá a primeira igreja do Brasil.
A expedição de Gonçalo Coelho teria fundado uma segunda feitoria, perto de Caravelas. Lá foram deixadas 12 peças de artilharia e 24 homens, segundo Américo Vespúcio.
1504 - Por volta desse ano, chegaram os franceses na Baía de Todos os Santos, segundo relato do Padre Anchieta. Entraram pelo Rio Paraguaçu e retornaram carregados para a França. Depois vieram mais três naus, que foram atacadas por quatro naus portuguesas.
1505 - Segundo Jaboatão, em 19 de junho, a Colônia de Porto Seguro foi massacrada pelos índios, mas reconstruída no ano seguinte.
1509 ou 1510 - Um navio francês, em que viajava o fidalgo português Diogo Álvares Correia, naufragou em rochedos do Rio Vermelho. Os tupinambás deram-lhe o nome de Caramuru.
1526 - Cristóvão Jacques construiu o Fortim Santa Cruz em Porto Seguro. Data provavelmente dessa época a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Porto Seguro, que abrigou o primeiro hospital do Brasil.
1528 - A princesa tupinambá Catarina Paraguaçu, foi batizada em Saint-Malo, na França, com o nome de Katherine du Brésil. Lá, ela casou-se com Caramuru.
1531 - Em março, a expedição de Martim Afonso de Sousa aportou na Bahia e foram recebidos por Caramuru.
1534 - Foram doadas as três principais capitanias que formaram o território baiano. A Capitania de Francisco Pereira Coutinho foi doada em 5 de abril e ficou conhecida como Capitania da Bahia. Essa foi a segunda capitania doada no Brasil continental, depois da Capitania de Pernambuco. Depois foi doada a Capitania de Jorge de Figueiredo Correia, a Capitania de Ilhéus, embora sua Carta de Doação, de 27 de julho de 1534, seja posterior à doação da Capitania de Porto Seguro para Pero do Campo Tourinho, em 27 de maio. Isso porque a definição do início do litoral desta, referido na Carta de Doação, tem como base o limite sul da de Ilhéus.
Martim Afonso de Sousa visitou seu amigo Caramuru, em sua viagem à Índia, e participou do casamento se suas filhas na Igreja da Vitória, a primeira igreja construída na área da futura Salvador. Filipa Álvares casou-se com o nobre Paulo Dias Adorno, vindo de São Vicente e que estabeleceu um engenho no Recôncavo Baiano.
1535 - Pero do Campo Tourinho instalou a Capitania de Porto Seguro, onde fundou oito vilas e construiu sete igrejas. O donatário de Ilhéus enviou Francisco Romero para ocupar sua Capitania.
1536 - Foi instalada a Capitania da Bahia, com a fundação de uma vila na Barra, na atual Salvador. Fundou-se também a Vila de São Jorge dos Ilhéus.
1546 - O donatário da Capitania de Porto Seguro foi acusado de heresia e levado para Portugal. Embora absolvido não teve licença para retornar. O donatário da Capitania da Bahia morreu em conflito com os índios.
1548 - Dom João III decidiu implantar um governo central no Brasil. Adquiriu a Capitania da Bahia dos herdeiros de Pereira Coutinho, para nela instalar a Cabeça do Brasil. A Bahia tornou-se uma capitania real. Em novembro, o Rei enviou o capitão Gramatão Telles para preparar a chegada de Thomé de Sousa. Em 17 de dezembro, Dom João III assinou o Regimento, a primeira constituição do Brasil, entregue a Thomé de Sousa.
1549 - Em 29 de março, Thomé de Sousa desembarcou no Porto da Barra. Construiu-se a Cidade do Salvador e o Governo Geral foi instalado. O Brasil nasceu como unidade política.
Chegaram com o Governador, os jesuítas, que fundaram a primeira escola do Brasil e construíram a Igreja da Ajuda, naquele ano.
1551 - Fundou-se a Diocese de São Salvador da Bahia, a primeira do Brasil. Iniciou-se a construção do Castelo Garcia d'Ávila.
1553 - Duarte da Costa substituiu Thomé de Sousa como Governador do Brasil. Nesse ano, o Padre Manoel da Nóbrega fundou o Colégio da Bahia, uma instituição com cursos de nível superior.
1553 - O espanhol Francisco Bruza Espinosa, que residia na Bahia, comandou uma expedição exploradora ao sertão, por ordem de Duarte da Costa. Acompanhou o jesuíta Azpilcueta Navarro, que registrou os eventos. Essa expedição partiu de Porto Seguro, percorreu parte das bacias do Rio Pardo e do Rio Jequitinhonha e atingiu o Rio São Francisco, em busca de riquezas minerais. Espinosa foi o desbravador do sertão do atual Estado de Minas Gerais, então, parte da Capitania de Porto Seguro.
1558 - Mem de Sá substituiu Duarte da Costa como Governador do Brasil. Em 15 de março, a sesmaria da Ilha de Itaparica foi convertida em capitania, em favor de D. Antônio de Atayde, Conde de Castanheira. Os jesuítas fundaram a Aldeia do Espírito Santo, atual Abrantes, em Camaçari.
Vasco Rodrigues de Caldas recebeu de Mem de Sá a missão de combater os índios rebeldes na região do Paraguaçu. A expedição foi organizada, em 1561, com cerca de cem homens. Subiram o Rio até a Chapada Diamantina.
1566 - Capitania de Peruaçu. Em 29 de março, a sesmaria do Armador-mor D. Alvaro da Costa, no Recôncavo Baiano, foi elevada à condição de capitania.
1572 - Em 2 de março, Mem de Sá faleceu na Bahia e foi sepultado na Igreja do Colégio dos Jesuítas, atual Catedral. Em seu governo, o combate a índios rebeldes foi intenso. Para se protegerem, muitos entraram para missões jesuíticas. Mem de Sá também puniu colonos que escravizavam índios.
O Brasil foi dividido em duas partes. O norte, com capital em Salvador, e o sul, com capital no Rio de Janeiro. Foi reunificado após apenas seis anos, em 1578.
1580 - União Ibérica. Portugal e Espanha com o mesmo monarca.
1585 - O Padre Anchieta estimou que em torno da metade dos cerca de 25 mil brancos no Brasil, residiam na Bahia.
1590 - Foi fundada a Capitania de Sergipe d'El Rey, com terras da sesmaria de Garcia d'Ávila. Ela foi incorporada à Capitania da Bahia no final do século 17.
1591 - A Santa Inquisição visitou a Bahia pela primeira vez, na figura do Deputado do Santo Ofício Heitor Furtado de Mendonça. Muitas pessoas foram denunciadas. As penas incluíam açoites, degredo e sequestro de bens.
No final do século 16, Salvador era uma das principais cidades da América. Porto Seguro estava em decadência. A Capitania de Ilhéus teve alguma prosperidade com engenhos de açúcar. O Recôncavo abrigava mais de 40 engenhos. A Capitania de Sergipe foi anexada à Bahia. Ingleses, franceses e holandeses atacavam a Bahia.
Mais: Salvador no século 16 e Bahia no século 17 ►
O padrão português, em frente ao Farol da Barra, simbolicamente reinstalado em 2013. Foi originalmente instalado em 1501.
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Parte do Centro Histórico de Porto Seguro, com a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Pena, fundada no século 16, e a Casa de Câmara e Cadeia, do século 18, atual o Museu da Cidade. Ao centro, o Marco de Posse de Portugal, reinstalado por volta de 1506, o mais antigo patrimônio histórico brasileiro existente.
Chefe camacã mongoió, em ilustração de Debret, de 1834. Os camacãs eram um povo guerreiro que habitavam parte do sul da Bahia e áreas do sudeste do Brasil.
Lápides na Igreja da Vitória. À direita, lápide da sepultura de Affonso Roiz que se casou com a filha de Caramuru, Magdalena Álvares, em 1534 (antes da fundação da Vila do Pereira). Esta foi a primeira igreja edificada na área do Município de Salvador e abriga outras lápides históricas. A Capela da Graça teria sido edificada cerca de dois anos depois. A primitiva Igreja da Ajuda foi a primeira edificada dentro dos muros da Cidade, em 1549.
Nota: o século 16 começou em 1501. Entenda o calendário ►
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Bahia no Século 16
Por Jonildo Bacelar