O Século 15 e as Grandes Navegações

Nota: o ano de 1500 foi o último do século 15. O século 16 começou em 1501. Entenda o calendário

 

As primeiras grandes navegações da humanidade teriam sido realizadas por pescadores, que, envolvidos por correntes marítimas, teriam chegado a lugares muito distantes. Esse possivelmente foi o caso dos primeiros africanos a chegarem ao Brasil, há milhares de anos, envolvidos pela corrente do Golfo da Guiné. As grandes descobertas territoriais ocorreram há milhares de anos, pelos humanos pioneiros, mas não foram documentadas. A Arqueologia e ciências correlatas têm muito contribuído para desvendar os traços gerais dessas conquistas primitivas.

Na Antiguidade, Heródoto registrou, em sua História (século 5 aC), o feito de navegadores fenícios, a serviço do Faraó Necao II (610 aC - 595 aC), que, embarcando no Mar Vermelho, contornaram a África e chegaram ao Egito, depois de dois anos. Antes dos fenícios, Sataspes, de origem persa, tentou contornar a África, no sentido inverso, por uma comutação de pena dada por Xerxes. Sataspes passou pelas Colunas de Hércules (Estreito de Gibraltar), velejou para o sul durante meses, mas, desanimado e aterrorizado com os desertos que encontrou, retornou pelo mesmo trajeto e foi crucificado. Somente no final do século 15, os portugueses conseguiram novamente contornar a África.

No século 11, navegadores vikings teriam chegado ao litoral da América do Norte, segundo pesquisas arqueológicas.

Nos séculos 13 e 14, venezianos, genoveses e catalães dominavam o comércio no Mar Mediterrâneo. Em maio de 1291, os genoveses Ugolino e Vadino Vivaldi também tentaram o caminho das Índias, contornando a África. Eles passaram o Cabo Nun, na costa atlântica de Marrocos. Os relatos seguintes são imprecisos, possivelmente chegaram até a Guiné, mas não retornaram à Europa. Genoveses e venezianos tinham uma especial relação com os árabes no comércio de especiarias.

No século 14, os portugueses chegaram aos Açores. Povos do Mediterrâneo provavelmente estiveram nesse Arquipélago na Idade do Bronze. Em um mapa de 1495, a Ilha Terceira dos Açores recebeu o nome de Brasill. Ainda no século 14, genoveses, portugueses e franceses visitaram as Ilhas Canárias, ocupadas pelos espanhóis no século 15.

O século 15 testemunhou grandes viagens marítimas em busca de novas rotas, mercados e produtos comerciais. Foi quando o restante do Planeta começou a ser redescoberto pelos europeus. A história das conquistas portuguesas do além-mar e seus desafios é uma das mais fascinantes da humanidade. Portugal foi a potência pioneira da globalização.

As Grandes Navegações da Idade Moderna tomaram impulso após a passagem do Cabo Bojador (no atual Saara Ocidental), em 1434, pelo navegador português Gil Eanes. Foi um desafio mais psicológico do que técnico. Muitos europeus acreditavam que a Terra acabava após aquele Cabo do Medo ou que lá existiam monstros. O próprio Gil Eanes foi forçado a contorná-lo pelo Infante D. Henrique.

Por volta de 1440, os portugueses desenvolvem a caravela. Portugal tinha a hegemonia dos mares, pela bula papal Romanus Pontifex (1455), até dividir o mundo com a Espanha em 1479, pelo Tratado de Alcáçovas. Além de já controlar o comércio na costa atlântica da África desde meados do século, os portugueses descobriram o caminho para as Índias, cruzando o Cabo das Tormentas, em 1488.

Os espanhóis chegaram bem atrasados, no final do século 15. No início do século 16, chegaram os franceses ao estilo pirata, explorando terras descobertas e já reivindicadas por portugueses e espanhóis.

Para estabelecer o seu domínio no Oceano Índico, os portugueses tiveram que combater os mamelucos egípcios e os turcos otomanos, que dominavam o comércio das especiarias que passavam através do mundo árabe. Os turcos mantiveram seus postos comerciais no Mar Vermelho, mas Portugal dominou o Golfo Pérsico e o Oceano Índico. Foi o início da decadência dos árabes, que só se recuperaram na segunda metade do século 20, com o petróleo.

Ainda no século 16, ingleses e holandeses também se lançaram aos oceanos, descobrindo mais terras. Os ingleses foram os maiores piratas dos mares.

Portugal detinha a mais desenvolvida tecnologia de navegação da época. Os navegadores portugueses eram os melhores do mundo. Os manuais, roteiros de navegação e as cartas náuticas portuguesas foram pirateadas e copiadas por franceses, ingleses e holandeses.

Essa era praticamente terminou com viagem de circunavegação da expedição do português Fernão de Magalhães, a serviço da Espanha (1519-1522).

As ilhas do Oceano Pacífico foram desbravadas principalmente por espanhóis (ou portugueses a serviço da Espanha), ingleses e franceses. No século 18, praticamente todas as terras do Planeta já eram conhecidas dos europeus. No final daquele século, os britânicos eram os maiores senhores dos oceanos.

1404 - As Ilhas Canárias foram reivindicadas pela Espanha.

1415 - Sob o reinado de Dom João I, Portugal conquistou Ceuta, iniciando sua expansão ultramarina. A cidade era um importante centro comercial, na época.

1418 - Navegadores portugueses descobriram acidentalmente a ilha de Porto Santo, no arquipélago da Madeira. Em 1446, o português Bartholomeu Perestrello recebeu Porto Santo como Capitania Hereditária. Sua filha casou-se com Cristóvão Colombo.

1420 - O Infante Dom Henrique foi nomeado dirigente da Ordem de Cristo.

1421 - Sob o comando do Infante D. Henrique os portugueses iniciaram a exploração da costa ocidental da África.

1421 - Sob o comando do Infante D. Henrique os portugueses iniciaram a exploração da costa ocidental da África.

1434 - Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador (no atual Saara Ocidental), demonstrando que a Terra não acabava ali.

1448 - Os portugueses começaram a construção do Castelo de Arguim, na ilha de mesmo nome da atual Mauritânia, concluído em 1461.

1455 - O Papa Nicolau V concedeu aos reis de Portugal a propriedade das terras ultramarinas já conquistados ou por conquistar, através da bula Romanus Pontifex. A concessão papal foi influenciada pelas vitórias portuguesas contra os mouros. O Papa referiu-se aos portugueses como soldados de Cristo e colocou suas conquistas como uma espécie de cruzada contra o Islamismo que dominava o norte da África e avançava nos Bálcãs.

Na Alemanha, Gutenberg começou as primeiras impressões da Bíblia. Seguiu-se uma revolução na difusão do conhecimento.

1456 - Surgiram os primeiros relatos da descoberta das ilhas de Cabo Verde.

1470 a 1475 - Os navegadores portugueses descobriram, no Golfo da Guiné, as ilhas de São Tomé, Príncipe, Fernando Pó (atual Bioko) e Ano-Bom.

1479 - Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Alcáçovas, em que Portugal desistiu de reivindicar a coroa de Castela e assegurou as conquistas territoriais ao sul das Ilhas Canárias. Foi o primeiro acordo de divisão do mundo entre os dois reinos.

1481 - Dom João II assumiu o trono português.

1485 - Dom João II e Carlos VIII, da França, assinaram um tratado de aliança e comércio, renovado em 1536.

1488 - O navegador português Bartolomeu Dias contornou o Cabo das Tormentas, demonstrando a possibilidade de se chegar as Índias, por mar. Portugal tornou-se o senhor dos mares no Atlântico Sul e Oceano Índico.

1492 - Cristóvão Colombo desembarcou nas Antilhas, sob patrocínio da Espanha, acreditando ter chegado ao Japão. Pelo Tratado de Alcáçovas, as terras por ele descobertas pertenciam a Portugal.

1494 - Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, dividindo o mundo conhecido em duas partes, entre os dois reinos. Erros grosseiros do Tratado e as distorções nos mapas do século 16, principalmente abaixo do trópico de capricórnio, resultaram em litígio das terras na região do Rio da Prata, resolvido apenas em 1750, com o Tratado de Madrid.

1495 - O Rei Dom Manuel assumiu o trono de Portugal, após a morte de D. João II, e deu continuidade ao espírito expansionista português. Ficou no trono até 1521.

1497 - Vasco da Gama dobrou o Cabo da Boa Esperança e chegou às Índias no ano seguinte. Essa rota comercial, pelos oceanos, significou grande prosperidade para Portugal.

1499 - Américo Vespúcio participou da expedição do navegador espanhol Alonso de Ojeda, que explorou territórios ao norte da América do Sul.

1500 - Cabral desembarcou em Porto Seguro. Descobrimento do Brasil

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Brasil no Século 16

 

A nau portuguesa Santa Catarina do Monte Sinai, construída em 1512, nos estaleiros de Cochim, na Índia. Foi o maior navio do mundo em sua época e um dos mais poderosos, um símbolo da pujança portuguesa no início do século 16. Tinha 38 metros de comprimento e mais de 100 peças de artilharia. Serviu aos portugueses por quase um século até ser capturado pelos holandeses em 1603, em Singapura. Em represália, os portugueses queimaram a cidade, em 1613.

 

Espanha

 

Mare Clausum e Mare Liberum

O Domínio dos Oceanos

Os tratados assinados entre Portugal e Espanha, no século 15, consideravam o conceito de Mare Clausum. Assim, os oceanos eram portugueses ou espanhóis, com a bênção do Papa. Outras nações eram proibidas de navegá-los, sem consentimento.

Os movimentos protestantes, do século 16, abriram caminho para se questionar a autoridade do Papa que concedia aos países ibéricos o domínio dos oceanos. Claramente, franceses, ingleses e holandeses não aceitavam tais restrições.

A captura da nau Santa Catarina (abaixo), pelos holandeses, em 1603, provocou uma discussão internacional da questão. Em 1606, o jurista holandês Hugo Grotius, em sua obra Mare Liberum, defendia que os mares eram um meio legítimo de comunicação entre os povos e que nenhuma nação poderia monopolizá-los. Os oceanos seriam, dessa forma, internacionais e qualquer nação estaria livre para navegá-los.

 

O navegador português Vasco da Gama (c. 1460-1524) foi o primeiro a realizar a rota para as Índias, circunavegando a África, em 1497. A realização, imortalizada por Camões, foi uma das grandes conquistas comerciais da época, trazendo glória e fortuna para Portugal (pintura de Antonio M. da Fonseca). Em 1998, foram descobertos, no Mar Arábico, os restos de um navio que se acredita ter sido o Esmeralda, da frota comandada por Gama em sua segunda viagem às Índias (1502-1503).

 

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Por Jonildo Bacelar

 

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O Planisfério de Rosselli, cerca de 1508, dá pistas de como o conceito de Novo Mundo evoluiu em meios acadêmicos da época.

 

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